Seu guia de viagem em Portugal | 14 anos no ar

    O novo clipe da fadista Raquel Tavares me fez recordar uma das principais razões de eu ter criado o Cultuga, em 2010: o prazer em dividir as minhas descobertas culturais – sobretudo musicais – portuguesas.

    Conheci a Raquel quando eu ainda vivia no Brasil. Na ocasião, ela tinha atravessado o oceano para apresentar a peça de teatro “Sombras – A nossa Tristeza é uma imensa Alegria“, no Sesc Pinheiros, em São Paulo. Não me contentei em prestigiar somente uma vez. Fui com o Rafa e assistimos do piso superior. Então, retornei com a minha mãe para ver na primeira fila. Ela tem uma leveza nas palavras, uma intensidade na voz, uma postura forte…

    A Raquel Tavares faz parte da geração mais jovem do Fado. Aos 31 anos, ela lança agora o seu terceiro disco (foram 8 anos sem gravar), intitulado Raquel. Apesar de trazer o Fado Tradicional como sua principal bagagem, ela fez algo que é muito comum aos músicos dessa geração (e que eu, particularmente, adoro): reuniu nesse álbum composições de artistas portugueses dos mais diversos gêneros. Rui Veloso, António Zambujo e Tiago Bettencourt são algumas das preciosidades dessa lista.

    A música que indico aqui, “Meu Amor de Longe”, foi escrita e composta por Jorge Cruz. No clipe, a Raquel passa por ruas antigas e nos transporta rapidamente para esse cenário mágico de Lisboa. Bom para matar as saudades, né?

    “No Largo da Graça já nasceu o dia
    Ouço um passarinho, vou roubar-lhe a melodia
    Meu amor de longe ligou
    Abençoada alegria

    Junto ao miradouro, pombos e estrangeiros
    Vão a cirandar como fazem o dia inteiro
    Meu amor de longe já vem
    Pôs carta no correio

    Barcos e gaivotas do Tejo
    Vejam o que eu vejo, é o sol que vai brilhar
    Meu amor de longe está
    Prestes a chegar

    Talhado para mim
    Mal o conheci, eu achei-o desse modo
    Logo pude perceber o fado que ia ter
    Por ver nele o fado todo
    Chega de tragédias e desgraças
    Tudo a tempo passa, não há nada a perder
    Meu amor de longe voltou
    Só para me ver

    Fiz um rol de planos para recebê-lo
    Fui pintar as unhas, pôr tranças no cabelo
    Meu amor de longe há-de vir
    Beijar-me no castelo

    Eu a procurá-lo, ele a vir afoito
    Carro dos Prazeres, número 28
    Meu amor de longe saltou
    Iluminou a noite

    Vamos celebrar ao Bairro Alto
    Madrugada, baile no Cais do Sodré
    Meu amor de longe sabe bem
    Como é que é

    Talhado para mim
    Mal o conheci, eu achei-o desse modo
    Logo pude perceber o fado que ia ter
    Por ver nele o fado todo
    Chega de tragédias e desgraças
    Tudo a tempo passa, não há nada a perder
    Meu amor de longe voltou
    Só para me ver”

    – Letra da música retirada do blog A Música Portuguesa

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    Sou jornalista especializada em cultura e tenho 41 anos. Lisboa é o meu lugar no mundo. Os meus pais são portugueses imigrados no Brasil. Depois de fazer o caminho inverso deles, me tornado também imigrante, assumi como missão do Cultuga diminuir a distância que separa o Brasil de Portugal.

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