Seu guia de viagem em Portugal | 14 anos no ar

    É terça-feira e, por isso, temos uma nova história de um leitor ou leitora do Cultuga que dividiu conosco um pouco do seu carinho e descobertas de família (veja tudo o que já foi publicado).

    A Maria Tereza Lameiras, que viveu no Rio de Janeiro e agora mora em Portugal, é com quem conversamos nessa semana. Seu avô materno nasceu na aldeia de Vila Franca do Ervedal da Beira, pertinho de Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra.

    Ela conta que o avô imigrou para o Brasil, sozinho, com apenas 16 anos, em 1918. Ao chegar, foi direto para o Rio de Janeiro, onde se instalou.

    “Eu só descobri exatamente onde meu avô nasceu quando decidi obter a cidadania portuguesa.

    Minha mãe e minhas tias (irmãs da minha mãe) sempre contavam que o meu avô falava muito da Serra da Estrela e da região da Beira. Mas elas não sabiam exatamente onde ele havia nascido. Então, contratei um escritório aqui no Rio para tentar localizar.

    Eu já estava perdendo a esperança, quando meu pai se lembrou que a família de um amigo de trabalho dele de muitos anos atrás era da mesma região do meu avô. E a coincidência é que o pai desse amigo do meu pai era afilhado do pai do meu avô.

    Quando soube disso, me enchi de esperança e fui tentar achar o contato desse amigo do meu pai (que mora, atualmente, em Brasília) para entrar em contato com ele.

    Me apresentei, expliquei o que buscava e ele me ajudou.

    Eu não saberia descrever a minha felicidade quando recebi o e-mail de Portugal confirmando que a certidão de nascimento do meu avô se encontrava registrada naquela Conservatória.

    Uma das primeiras pessoas que avisei, quando consegui a certidão, foi esse amigo do meu pai. Achei que eu devia isso a ele – que vibrou comigo e ficou realmente muito contente com a minha alegria. Foi bem bacana. Ele é conhecido como Galante, que é o sobrenome dele.”

    Perguntei também sobre a relação que ela teve com o seu avô na infância:

    “Quando meu avô faleceu, eu só tinha 13 anos. Então, não pudemos conviver muito. Ele era uma pessoa muito reservada, mas lembro que mantinha intacto o sotaque português, quando conversava conosco. O que eu ouvia era as minhas tias falarem que ele sempre comentava da Serra da Estrela, do queijo!”

    A persistência de buscar mais informações e conhecer os antepassados veio também por sua veia jornalística :D

    “Eu sempre tive essa curiosidade de saber sobre meus antepassados. Até porque eu convivi pouco com eles e sei muito pouco também. Como sou jornalista, acho que a curiosidade é uma característica nata de quem exerce essa profissão. E aí, unir a minha curiosidade natural para tentar descobrir algo sobre meus ascendentes é ainda mais instigante e prazeroso.”

    Maria Tereza ainda não pode visitar a aldeia e teve muita dificuldade para encontrar informações sobre o local:

    “Eu tentei ir no Google Maps, busquei imagens, etc., mas realmente é bem difícil. Acho que, por ser uma vila pequena, não há muita coisa registrada.

    Imagino uma cidade bem pacata, linda, com casinhas antigas, pessoas com sotaque bem carregado, com uma calma e tranquilidade que, de longe, já deixaram e existir nos grandes centros urbanos.”

    Há um ano, Maria Tereza mudou sua base do Rio de Janeiro para Portugal.

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    “Estou aqui como cidadã portuguesa e tenho certeza de que, onde quer que meu avô esteja, ele estará orgulhoso de ver a neta caçula vasculhando e tentando conhecer um pouquinho do passado.

    Cada dia estou mais apaixonada por Portugal, me sinto bastante integrada, tenho feito ótimos amigos, estou a trabalhar na minha área (jornalismo e Mkt digital). Enfim, posso dizer que, hoje, Rio de Janeiro e Lisboa são as minhas duas cidades de coração.

    Obrigada, mais uma vez, por dividir aqui um pouco da sua história conosco, Maria Tereza. Que você possa ser sempre muito feliz em terras lusas!

    Sou jornalista especializada em cultura e tenho 41 anos. Lisboa é o meu lugar no mundo. Os meus pais são portugueses imigrados no Brasil. Depois de fazer o caminho inverso deles, me tornado também imigrante, assumi como missão do Cultuga diminuir a distância que separa o Brasil de Portugal.

    5 Comentários

    1. VICTOR HUGO LUKACS em

      Que história boa! E que realidade feliz!
      Fiquei muito contente em conhecer um pouco dessa sua trajetória que eu tive o prazer de acompanhar ainda no Rio de Janeiro.
      Estou torcendo para que você se integre mais e mais para desenvolver seu talento e seu desempenho na área de comunicação.
      Certamente, você é um sucesso. Parabéns!

    2. Fiquei fascinado com a história da leitora Maria Tereza.Batalhou muito e fez valer à pena todo o esforço para levantar toda a documentação que precisava para se tornar cidadã portuguesa.
      Essas coincidências que ela conta,acontecem sempre com todos que se dispõem a correr atrás
      de um sonho.Maria Tereza,vc conseguiu seu objetivo,e hoje,a sua alegria,seguramente,é dividida com muitos que,assim como vc,foram perseverantes e não desistiram ao primeiro revés.Tenho também a minha história com Portugal e sempre vibro muito quando lei-o histórias como a sua. Parabéns pelo empenho,e por ter escolhido essa Terra Santa para morar.Que inveja! (Pelo lado bom,tá!)

    3. francisco afonso em

      Uma história como tantas, a persistência, a paixão pela nossa origem, tudo revela um novo mundo com as descobertas. A minha também foi assim, como a Priscila, os meus pais também imigraram e constituíram família. Após alguns anos fui eu que fiz o caminho que eles fizeram, cruzei também o atlântico para fixar raízes na terra de nascimento do meu pai. Assim se fazem os caminhos…….

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