Seu guia de viagem em Portugal | 14 anos no ar

    Chegamos a mais uma terça-feira de depoimentos da série Luso-Brasileiros aqui no Cultuga. Semanalmente, compartilhamos histórias dos nossos leitores que cultivam grande carinho por suas raízes.

    Hoje a conversa é com o Wesley Vargas. Tive a oportunidade de conhecê-lo em Lisboa durante a época em que viveu por aqui. O que eu não sabia era que o seu envolvimento com Portugal era ainda mais profundo e especial.

    A história começa no bisavô José Simões, nascido em São Martinho da Cortiça, mas criado em Lisboa.

    “Meu avô conta que ele pouco falava de São Martinho, e que as histórias eram sempre de Lisboa.

    Ele [o bisavô] veio para o Brasil já adulto, na década de 1920, e criou todos os filhos numa casa que funcionava sob os preceitos portugueses. Portanto, meu avô, o senhor Nelson Simões, tem muito de tuga!

    O Sr. Nelson, então, foi também quem despertou a curiosidade no Wesley sobre Portugal:

    “Desde criança, meu avô gosta muito de falar de Portugal e das coisas que ele ouvia do meu biso, ou seja, desde sempre eu soube de onde viemos.

    Acho que as primeiras coisas que eu ouvi falar foram histórias engraçadas/ inusitadas de pessoas que meu bisavô conhecia. E esse tipo de história é o que não falta em Portugal haha.

    Sobre Lisboa, meu avô sempre contou como meu bisavô gostava de lá, mas que veio pro Brasil procurando novas oportunidades.”

    Como disse no início do texto, o Wesley viveu em Lisboa – e isso foi entre os anos de 2012 e 2013. Por isso, também perguntei o que ele viu ao chegar a terra de sua família.

    “A princípio, eu pude ver um céu que há muito não via. Ou melhor, nunca havia visto. A luz da cidade me surpreendeu muito.

    Sou designer e tenho uma certa necessidade de organização e de entender as coisas, e me entender nelas e interagindo com elas.

    Ao ponto que fui estabelecendo essas relações eu-cidade, comecei a perceber um sentimento de pertencer, que eu nunca tinha sentido antes. Me sinto parte de lá.

    Comecei a ver que a cidade fazia sentido pra mim, tanto estrutural quanto ‘romanticamente’. Eu sabia onde era tudo. Sabia como chegar a tudo. Sabia como procurar tudo. E ainda sei. Não é só um sentimento de pertencer, é algo mais. Mas eu realmente me sinto parte de lá.

    Algo que é comum a todos que vivem no Brasil, mas tem família portuguesa, é identificar alguns sinais daquilo que se vê em casa. E foi isso que o Wesley também me contou.

    Todos os velhinhos e velhinhas de Lisboa são meus avós. Eles andam igual, eles falam igual, eles são – as vezes – rabugentos tal como meus avós. Até as roupinhas! Camisa de manga curta, calça social e sapato bem confortável. Vestidinho, saias, calças confortáveis e sandalinhas. Se não tem uma xicarazinha de café na mão, estão pensando em pegar uma. O jeito como as pessoas se preocupavam com as refeições e também numa vida bem aproveitada. Também a forma como elas se divertem e observam as coisas bonitas e os bons momentos. Essas são coisas que me são extremamente familiares.”

    Ah, e como não poderia faltar, ele ainda me disse: “Acho que já falei sobre o sentimento que tenho com essa cidade, mas pra deixar bem claro em Português: Lisboa é muito gira!

    Na foto do topo, da direita para a esquerda, estão o Wesley, a tia Rosana, a avó Alaíde e o avô Nelson na Quinta da Regaleira, em Sintra :D

    Obrigada, obrigada e obrigada, Wesley! Adorei conhecer um pouco mais sobre a sua família!

    Sou jornalista especializada em cultura e tenho 41 anos. Lisboa é o meu lugar no mundo. Os meus pais são portugueses imigrados no Brasil. Depois de fazer o caminho inverso deles, me tornado também imigrante, assumi como missão do Cultuga diminuir a distância que separa o Brasil de Portugal.

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