Seu guia de viagem em Portugal | 14 anos no ar

    Há alguns meses, descobri o trabalho da designer de superfície brasileira Julia Fraia. Buscando por peças inspiradas em Portugal, encontrei a coleção dela chamada “Ora Pois!”. São diversas peças, desde pratos, canecas, almofadas e até abajures. Todos eles com um leve toque de estampas de azulejos. Por isso, propus a ela um bate-papo.

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    Você é designer de superfície, certo? Quando optou por essa vertente do design e em que consiste a sua área?
    Julia – Sou designer gráfica. Me direcionei para a área de design de superfície em 2008, quando comecei uma coleção de estampas paralelamente ao emprego num escritório de design. Até que isso se tornou parte integral do meu trabalho. O termo design de superfície foi introduzido no Brasil por Renata Rubim nos anos 80, tradução de Surface Design, que na época já era amplamente usado nos Estados Unidos. Design de superfície é o tratamento de cor, textura ou estampa de uma superfície, seja ela papel, plástico, cerâmica, tecido, etc.

    Em que você geralmente busca inspiração para desenhar estampas? Como uma coleção é desenvolvida?
    Julia – Geralmente busco inspiração em coisas simples do nosso cotidiano, mas ela pode vir de qualquer lugar. Antes de começar uma coleção, faço pesquisa visual e conceitual, assim como faria para criar um logo. Tiro muitas fotos, o que me ajuda a desenvolver os padrões. Crio estampas para desenvolver meus próprios produtos e para outras empresas que contratam o serviço, mas não tenho um período definido de criação.

    abajour_julia_fraia_ora_poisNo caso da coleção “Ora Pois!”, como aconteceu o desenvolvimento das peças, a busca por inspirações até a escolha do nome?
    Julia – Sempre gostei muito de ladrilhos hidráulicos e azulejos portugueses. Queria transmitir essa estética nostálgica e charmosa para o tecido. Pesquisei padrões de azulejos portugueses, selecionei três que considerei mais interessantes e comecei a interferir neles, fiz testes com stencil e spray, usei o desenho vetorizado. Fiz vários testes de composição até chegar na coleção que pode ser vista hoje. Queria um nome ligado a cultura portuguesa e que fosse divertido ao mesmo tempo. Apesar dos portugueses não usarem mais essa expressão “Osa Pois!”, para os brasileiros ela faz referência a essa cultura.

    Você tem alguma relação com Portugal?
    Julia – Sou neta de portugueses e tenho cidadania. Cresci com o sotaque, a comida e os objetos portugueses no meu entorno. Apesar de ter ido somente uma vez a Portugal (que guardo ótimas lembranças), me sinto próxima ao país.

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    Como tem sido o retorno dessa coleção?
    Julia – O retorno está sendo muito bom. As pessoas, assim como eu, se identificam com essa estética. Na maioria mulheres se interessam pelos produtos, mas muitos homens gostam também. Alguns produtos são vendidos pela loja online belga Envelop. Eles entregam no mundo todo por apenas 1 euro.

    Conheça mais sobre o trabalho de Julia Fraia: http://juliafraia.com.br

    Sou jornalista especializada em cultura e tenho 41 anos. Lisboa é o meu lugar no mundo. Os meus pais são portugueses imigrados no Brasil. Depois de fazer o caminho inverso deles, me tornado também imigrante, assumi como missão do Cultuga diminuir a distância que separa o Brasil de Portugal.

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