Seu guia de viagem em Portugal | 14 anos no ar

    Você sabia que a primeira gravação em um disco de vinil em Portugal aconteceu no final do ano de 1900? E que Duarte Silva gravou cerca de 800 canções? As informações são do pesquisador alentejano José Moças.

    Nesse vídeo, José Moças foi entrevistado sobre o assunto para a revista de música portuguesa Punch. Um excelente material histórico e curioso. Vale a pena assistir!

    Buscando por mais informações sobre o assunto, ainda encontrei um interessante artigo do Diário de Notícias, que reproduzo aqui:

    “A primeira gravação feita em Portugal chama-se Cantos do Minho, pertence à Banda da Guarda Municipal do Porto, data de Outubro ou Novembro de 1900 e foi produzida por William Darby.

    Este engenheiro britânico produziu naqueles dois meses, em visita ao Porto, um total de 85 discos de zinco de sete polegadas, todos de uma faixa, interpretados por bandas, tenores, fadistas, actores de teatro, mas também uma cantora de ópera e um guitarrista. A história recua assim três anos, já que a gravação mais antiga que se conhecia entre nós era de 1903.

    A informação foi dada ao DN pelo investigador alentejano José Moças, que recentemente achou num vendedor de discos nas ruas do Porto, “por mero acaso”, dois dos 85 registos do pacote – Fado Hylario, do “señor Duarte Silva, portuguese baritono”, e Oh Julia, do “señor José Brito, portuguese tenor”.

    As duas “rodelas” têm selo Berliners, a antecessora da Gramophone, depois transformada na His Master Voice e, hoje, na EMI.

    “Vi um monte de discos velhos no chão, separei o que era música portuguesa e, só quando cheguei a casa, reparei que dois eram diferentes. Fiquei louco, nem queria acreditar”, exclamou Moças. O também responsável da editora Tradisom contactou de imediato um perito inglês e confirmou que as raridades (marcadas a “00”, ou seja, do ano 1900) se deveram à vinda de William Darby, especificamente ao Porto, no périplo de 13 cidades que correu pela Europa de Dezembro de 1899 a Novembro de 1900.

    “Não há hipótese de haver mais gravações para trás em Portugal, Darby foi dos primeiros a gravar no velho continente, pois o gramofone tinha sido inventado três, quatro anos antes”, sustentou José Moças. Em termos de investigação recuou-se quatro anos em Portugal, o que “é muito tempo” face à época avaliada. “A sorte persegue-nos quando a procuramos, basta persistir e gostar das coisas”, vincou ainda José Moças.

    Assumiu, aliás, ter já conhecimento de outros álbuns de 1902 e 1903 ligados ao fado, à revista, a teatros populares e a bandas. Até aqui, a primeira gravação de fado conhecida datava de 1902, do cantor brasileiro Manuel Pedro dos Santos, chamado Bahiano. Não se sabe do disco, mas um arquivo no Brasil tem a cópia da gravação.”

    Sou jornalista especializada em cultura e tenho 41 anos. Lisboa é o meu lugar no mundo. Os meus pais são portugueses imigrados no Brasil. Depois de fazer o caminho inverso deles, me tornado também imigrante, assumi como missão do Cultuga diminuir a distância que separa o Brasil de Portugal.

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