Se você gosta de descobrir lugares secretos em Lisboa, daqueles que parecem passar despercebidos até para os locais, a Casa do Alentejo é um achado imperdível. Sempre que levo alguém lá pela primeira vez, a reação é a mesma: surpresa total!
A fachada é discreta, quase apática, escondida numa das ruas mais movimentadas e turísticas do centro – a Portas de Santo Antão, a poucos passos do Rossio e da Praça dos Restauradores.
Mas basta entrar e subir a escadaria para ser transportado a um universo completamente diferente: um pátio neoárabe, salas palacianas e azulejos histórico.
Casa do Alentejo: um palácio do século XVII em Lisboa com alma alentejana
A Casa do Alentejo funciona hoje como centro cultural, sede da Associação Regionalista Alentejana, mas ocupa o espaço do antigo Palácio Alverca, mandado construir no século XVII pela família Paes do Amaral, viscondes de Alverca. Seu brasão ainda pode ser visto aqui.
A construção incorporou parte da Muralha Fernandina (uma das muralhas antigas que Lisboa teve), que ainda está visível no edifício. No entanto, o interior que vemos atualmente é fruto de uma profunda transformação feita no início do século XX, quando o palácio se tornou o primeiro casino da capital portuguesa, o elegante Magestic Club.
Mais tarde, passou a se chamar Monumental Club, até ser finalmente ocupado pelo Grémio Alentejano em 1932 – e assim começou a sua nova vida como Casa do Alentejo, aberta ao público e ao charme inesperado do Alentejo em plena Lisboa.
Os azulejos da Casa do Alentejo: uma joia camuflada
É no pátio neoárabe, logo após subir a escadaria da entrada, que os nossos olhos brilham. As arcadas, o trabalho nas pedras e a atmosfera exótica do lugar fazem a gente esquecer completamente que está no centro de Lisboa.
Dirija-se para a escadaria que está a sua direita e vá subindo. Você vai começar a ver alguns dos azulejos mais bonitos de Lisboa.
Na minha opinião, essa é uma das melhores formas de surpreender um viajante que gosta de azulejos: mostrar como eles também habitam espaços inesperados, como um antigo palácio-casino no meio da cidade.
Nas salas do primeiro andar, onde funciona o restaurante, você vai encontrar painéis do artista Jorge Colaço (autor também dos incríveis azulejos da Estação de São Bento, no Porto). Fique com o queixo caído de tanta beleza.
Há também painéis monocromáticos seiscentistas, sobreviventes da fase original do palácio, com cenas campestres e de corte – um acervo riquíssimo, que passa despercebido por muitos.
Você ainda vai ver azulejos que marcam o cassino do passado, com os naipes do baralho.
Se você curte detalhes arquitetônicos e quer ver a versatilidade da azulejaria portuguesa aplicada a espaços não religiosos ou monumentais, a Casa do Alentejo é uma visita obrigatória.
Um lugar para visitar com todos os sentidos
Além do visual arrebatador, a Casa do Alentejo tem um restaurante tradicional no primeiro andar. São duas salas belíssimas. O ambiente é requintado, mas informal, e o cardápio traz os sabores clássicos do Alentejo – não faltam queijos, migas, carne de porco alentejana e doces conventuais.
Mesmo que você não vá comer ali, vale entrar e circular livremente pelas salas abertas ao público. A entrada é gratuita, e esse é um dos pontos mais legais: o espaço é, ao mesmo tempo, popular e nobre.
A Casa do Alentejo é um segredo que merece ser contado
Esse é um daqueles “segredinhos de Lisboa” que fazem a cidade parecer ainda mais viva, diversa e generosa. Sempre que subo aquela escada e entro no pátio central, vejo da reação de surpresa das pessoas.
Se você é fã de azulejos, de história, ou simplesmente quer uma experiência diferente no centro de Lisboa, a Casa do Alentejo não pode ficar de fora do seu roteiro.
Casa do Alentejo: informações práticas
Endereço: Rua Portas de Santo Antão, 58 – Lisboa
Estação de metro próxima: Restauradores (linha azul)
⏰ Horário: geralmente o pátio e as salas principais podem ser visitados durante o horário de funcionamento do restaurante (consulte horários no site oficial da Casa do Alentejo)
️ Entrada: Gratuita para visita aos espaços comuns
