Seu guia de viagem em Portugal | 14 anos no ar

    Se tem algo que eu gosto muito é ouvir histórias de família. Toda terça-feira, publicamos aqui no Cultuga o depoimento de um luso-brasileiro e as descobertas sobre suas raízes (veja tudo o que já publicamos).

    Hoje chamamos a atenção para a história da Vanessa de Abreu Ferreira, que vive em São Paulo e tem a família de sua mãe vinda da aldeia de Monte de Lobos – Mortágua, e do pai da aldeia de Abiúl – Pombal.

    “Meus avós maternos imigraram em entre 1950 e 1955. Meu avô veio primeiro e, depois, vieram minha avó, mãe e tia. Meus avós paternos vieram juntos também, por volta de 1950.”

    A Vanessa conta como descobriu a sua origem, nas primeiras vezes que visitou Portugal:

    “A primeira vez que fui a Portugal e às terras dos meus pais foi em 1990, quando tinha apenas 8 anos.

    A segunda foi em 2003, quando já estava com 22 anos. A partir daí, sabia que aquele era o país em que realmente me sentia em casa.

    Mas foi recentemente que tive ciência da importância da minha origem, de como isso era importante para mim, que as histórias da vida da minha família me tocaram plenamente.

    Passei a amar ficar sentada apenas escutando meus avós maternos contarem como era no passado, os momentos difíceis de muita miséria, mas também de tanta felicidade. Guardo todas, todas as histórias contadas por eles. E, a cada vez que eles vão à Portugal, fico na expectativa do seu retorno para saber os acontecimentos e as novidades que trazem da terrinha.”

    Da infância, também traz algumas memórias:

    “Desde a minha infância, os meus avós maternos, que moram em São Paulo, vão todos os anos para Portugal por, pelo menos, 3 meses – quando é inverno aqui no Brasil. Eles se escondem do frio de SP e curtem o verão português. Nada mal, hein?! rs.

    Por se tratar de uma pequena aldeia, onde todos se conhecem, sempre ouvia dizer das pessoas de lá; da cerejeira centenária que meu avô não deixa – de maneira nenhuma – tirar do jardim; das outras frutas (pêssegos, ameixas, figos) – que há anos bons, outros que não dá para comer porque os bichos as picaram; da vindima; do magusto; dos animais; da vida simples, onde o tempo passa mais devagar; onde as pessoas se ajudam, umas as outras, no trabalho da terra; onde as pessoas se visitam, nem que seja para tomar um “copito” de vinho…”

    Vanessa já teve a oportunidade de visitar as regiões da sua família algumas vezes, que ainda tem diversos familiares que lá vivem:

    Sempre me emociono ao chegar na aldeia de Monte de Lobos. Sempre me passa na cabeça que foi ali que a história da minha vida teve origem. Das dificuldades e das alegrias ali passadas.

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    Quadro que Vanessa fez em homenagem aos seus avós

    Sinto que aquele lugar tem algo de especial, é onde meu coração bate mais forte e faz meus olhos encherem de lágrimas.

    A primeira vez que que eu fui, não imaginava que iria passear em um rio, colher amora das silvas, no meio de mato, e ver de perto animais como carneiro, porco e cabrito. Sendo de São Paulo, nunca tinha tido esse contato tão próximo à natureza.”

    A paixão por Portugal é sempre presente:

    “Às vezes me surpreendo comigo mesma por sentir algo tão forte por Portugal. É como se eu sempre tivesse pertencido a esse país.

    Permanece meu sonho de morar em Portugal com toda a minha família que está aqui no Brasil. Quem sabe um dia se torna realidade?”

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    Obrigada pelas palavras, Vanessa, e seja sempre bem-vinda :D

    Sou jornalista especializada em cultura e tenho 41 anos. Lisboa é o meu lugar no mundo. Os meus pais são portugueses imigrados no Brasil. Depois de fazer o caminho inverso deles, me tornado também imigrante, assumi como missão do Cultuga diminuir a distância que separa o Brasil de Portugal.

    2 Comentários

    1. Começo este comentário agradecendo ao “Cultuga”por este espaço maravilhoso,
      onde nós, leitores,temos a oportunidade de contar nossas histórias e o nosso
      vínculo com esse país maravilhoso que é Portugal;assim como faz aqui a leitora
      Vanessa de Abreu.
      Vanessa,obrigado por dividir conosco,leitores,essa história tão linda dos seus laços
      com Portugal.Achei muito lindo e tocante a forma como voce descreveu sua relação
      com a “Santa Terrinha”,e destaquei aqui algo que me emocionou;” Da vida simples,
      onde o tempo passa mais devagar,onde as pessoas se ajudam,umas as outras,onde
      as pessoas se visitam,nem que seja para um “copito” de “binho”; … “da cerejeira
      centenária que meu avô não deixa – de maneira nenhuma – tirar do jardim”.
      Vanessa,esse trecho do seu depoimento é um verdadeiro poema.
      Quanto a parte que voce diz que é como se tivesse sempre pertencido a esse país,
      Portugal,eu tenho certeza que voce sempre pertenceu,e pertence, a Ele.
      Torço para que voce realize o seu desejo de lá viver.

      Obs: GUARDEI A RECEITA DE BOLINHOS DE BACALHAU DA VOVÓ LICÍNIA.OBRIGADO.

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