Seu guia de viagem em Portugal | 14 anos no ar

    A Ilha da Madeira foi o destino que escolhi para passar o meu aniversário de 35 anos, e falo isso com enorme carinho. Como já contei por aqui, a minha mãe é madeirense imigrada no Brasil. Estar por lá neste momento tão marcante e fazer um roteiro pela Madeira foi um verdadeiro presente para mim.

    No artigo de hoje, vou contar como foi a nossa experiência com o passeio em excursão que fizemos com a Lido Tours pela região leste da Ilha da Madeira. Conhecemos a empresa durante a feira de turismo, em Lisboa, a BTL – 2017.

    Fomos bem atendidos por todos e logo percebemos o quanto são sérios e envolvidos ao que se propõem.

    Eu, Rafa e Pat a caminho do leste da Ilha da Madeira na companhia da Lido Tours

    Veja também: 6 coisas que você precisa saber antes de viajar à Ilha da Madeira

    City tour pela região leste da Ilha da Madeira

    Optamos por agendar com a Lido o city tour para a região leste da Ilha, que é das mais difíceis para dirigir.

    Ok, a Madeira não é para motoristas amadores rs..

    Como queríamos ter uma experiência mais leve e tranquila no dia do meu aniversário, usamos o sábado que tivemos por lá para viajar em um pequeno grupo.

    O passeio foi guiado pelo divertidíssimo Gama Madeira, também motorista da van.

    O ponto de encontro foi junto ao teleférico do Monte (outro passeio im-per-dí-vel), no centro do Funchal. É bem fácil de chegar.

    O nosso guia Gama Madeira, da Lido Tours

    Com sorriso no rosto o tempo inteiro, cheio de piadinhas ao microfone e com uma paisagem incrível a cada parada do percurso, nem vimos o tempo passar.

    Camacha e a indústria do vime

    Começamos pela Camacha, uma pequena vila conhecida pela indústria do vime – um produto genuíno da Ilha da Madeira.

    Mas, confesso: de todos os locais que passamos, este me apertou o peito por um motivo muito particular.

    Conhecemos uma enorme fábrica de peças de vime, com produtos lindíssimos e bem executados. O que realmente me entristeceu foi ver os artesãos da fábrica, de mãos tão habilidosas e muito bom gosto, trabalhando em uma oficina escura, no subsolo da loja, longe da maioria dos consumidores e viajantes.

    Os verdadeiros artistas do vime é que mereciam um lugar de destaque na fábrica da Camacha, na minha opinião

    Esses são os verdadeiros artistas e deveriam estar em um local iluminado, alegre, logo a entrada da fábrica, para que pudessem ser valorizados, tal como merecem, na minha opinião – exibindo suas habilidades e dividindo seu conhecimento sobre esta arte.

    No alto do Pico do Arieiro

    Todos dentro do carro e seguimos para o terceiro ponto mais alto da Ilha da Madeira: o Pico do Arieiro.

    São 1818 metros de altitude e um exagero de beleza natural.

    Aqui também está localizada a Estação de Radar 4, da Força Aérea Portuguesa.

    Com a baixa temperatura lá no alto, víamos até o gelinho acumulado em partes da estação.

    Pico do Arieiro
    Ali no meio está um percurso pedestre com vistas incríveis

    Além do mirante, há também café e loja de suvenires, para quem estiver de passagem.

    Aos mais aventureiros, existe uma trilha bastante interessante que faz a conexão do Pico do Arieiro com o Pico Ruivo (PR 1 – Vereda do Areeiro) – deve ser algo absurdamente incrível, sobretudo pela altura daquelas montanhas.

    A “amostra” que temos do caminho já é de tirar o fôlego:

    Pelos caminhos do Pico do Arieiro. Que frrrrio!

    Tenha apenas atenção se você for sozinho, pois subir de carro por ali não é tão fácil, sobretudo em dia de pouca visibilidade.

    As famosas trutas do Parque Florestal do Ribeiro Frio

    A próxima parada foi no Parque Florestal do Ribeiro Frio, passando pelos caminhos da Floresta Laurissilva da Madeira – patrimônio da humanidade pela UNESCO.

    Por aqui, vimos os viveiros de trutas arco-íris do Posto Aquícola do Ribeiro Frio.

    Este é um peixe que não é natural da Madeira (foi introduzido no século XX) e, por isso, esses tanques fazem a reprodução artificial das trutas para o povoamento da espécie na ilha.

    Santana: a terra da minha família

    De volta ao carro, comecei a ficar ansiosa.

    No tour, a parada do almoço estava marcada para Santana – a região de origem da minha família, que hoje tem quase 9 mil habitantes.

    Depois de ver as placas pelo caminho, olhava aquelas casinhas, os senhores no campo e pensava profundamente na minha mãe e nos meus avós: de onde teriam partido?

    Como era o cenário daquelas aldeias a volta de Santana há 60 anos?

    Santana é famosa por suas casinhas de telhado triangular coberto por palha. Há umas tantas bem antigas espalhadas pelo campo.

    Entretanto, ali no centro, junto da câmara municipal (e nos cartões postais da Madeira), o que vemos é uma representação delas, uma homenagem ao que eram e o que representavam no passado.

    Casinha típica de Santana e o edifício da câmara municipal

    Assim, temos verdadeiras casas de boneca para visitar e, em seu interior, há artesãos vendendo seus produtos (destaque, claro, para os bordados – que deixam todo mundo de queixo caído).

    Tivemos a sorte de ir a um sábado a tarde, quando em um terreno ali do centro estavam montadas várias barraquinhas com frutas e produtos locais.

    Adotei todos os feirantes (#fofurasportuguesas) como meus avós rs..

    Compramos bolo de uma senhora muito querida e, claro, bananas da Madeira.

    Com a Pat e o Rafa em uma pequena feira de Santana

    Atrás de uma casinha, encontrei um mirante com vista para a imensidão azul do Oceano Atlântico.

    As lágrimas vieram aos olhos de pensar na coragem e ousadia dos meus avós de sair por aquele caminho tão incerto.

    E, claro, agradeci mentalmente por poder estar ali, em um lugar tão importante para mim e que revela muito da minha família.

    A fotogênica Ponta de São Lourenço

    Acabou o chororô e entramos de volta no carro para explorar mais caminhos do lado direito da ilha.

    Pausa rápida para uma foto em um altíssimo miradouro de Porto da Cruz e, mais a frente, um dos lugares que mais gostei de conhecer nesta viagem: a Ponta de São Lourenço.

    Uma cobinação perfeita de rochas, vegetação, sol e, claro, do oceano.

    A vontade que tinha era de passar horas sentada naquele lugar olhando o céu e o mar, com tonalidades tão profundas de azul.

    Mas, como estávamos em grupo neste primeiro dia, com horário para cumprir, fizemos somente algumas fotos por ali e voltamos depois, ao final da viagem, quando estávamos com um carro alugado desta vez, para percorrer um pouco do percurso pedestre entre as rochas e também passar um tempo maior contemplando toda aquela beleza. Tem um bom estacionamento por ali e os caminhos são simples para chegar.

    Machico: uma vista deliciosa e… Praia!

    Fechamos o dia com uma vista aérea de Machico, no Miradouro Pico do Facho, para contemplar sua praia de areia dourada, e, então, descemos para a vila e percorremos suas ruas para vê-la de pertinho.

    De volta ao Funchal ao início da noite, onde estávamos hospedados, depois de um dia com fortes emoções.

    Tive a companhia do Rafa e também de uma querida nossa, a Patrícia Guerreiro, nessa aventura junto do Gama Madeira e da Lido Tours.

    Tour guiado x carro alugado: experiências diferentes

    Nesta viagem, tivemos diversas experiências em deslocamentos – como esse tour de carro em excursão com a Lido (fomos acompanhados de um grupo pequeno, por volta de 10 pessoas), alguns percursos a pé pelo Funchal (um deles foi guiado pelo projeto History Tellers), também fomos a Ilha do Porto Santo de navio em bate-volta  (usamos os serviços da Porto Santo Line para tal), usamos o Aerobus para fazer a ligação do Aeroporto da Madeira para o Funchal (serviço impecável) e também alugamos um carro para percorrer mais alguns pontos da ilha.

    Todas as opções têm seu valor – e vai depender do tipo de viajante que você é.

    Viajar de carro pela Ilha da Madeira pode ser bastante cansativo para quem dirige – tenha apenas atenção a isso. É uma região de montanhas, com muito sobe e desce, e alguns pontos com estradas mais estreitas, de mão dupla. Assim, se você não em segurança para dirigir, agendar os passeios em tours é imprescindível – seja privativo, seja em excursão.

    Tenha apenas atenção que o português não é o único idioma apresentado nas excursões em grupo. Geralmente, os viajantes são de diversos países e o guia faz as explicações simultaneamente em português e inglês.

    Para quem gosta de dirigir, como o Rafa, vale a pena mesclar os dias disponíveis da sua viagem com passeios a pé ou com outro tipo de transporte. Assim, se torna menos cansativo e extremamente agradável. ;)

    Sou jornalista especializada em cultura e tenho 41 anos. Lisboa é o meu lugar no mundo. Os meus pais são portugueses imigrados no Brasil. Depois de fazer o caminho inverso deles, me tornado também imigrante, assumi como missão do Cultuga diminuir a distância que separa o Brasil de Portugal.

    10 Comentários

    1. Olá Priscila!!!!
      Parabéns pela matéria, a Madeira é realmente espetacular, linda, mágica…tive o prazer de conhecer há 4 anos, é terra do meu marido, confesso que fiquei apaixonada e encantada. Retornaremos em breve. Beijinhos e muito sucesso.

      • Olá, Adriana
        Como vai?
        Que bom que gostou da matéria! :) A Ilha da Madeira deixa todos os amantes de paisagens naturais e gastronomia encantados.
        Volte sim!
        Um grande abraço!

    2. Muito boa a matéria, a centenas uma viagem enquanto lê e fica imaginando esses lugares tão belos que vc descreve. Estou encantada e apaixonada. Vc disse que imagina a ilha a 60 anos qdo sua mãe morou lá, eu já imagino meu avô tbem qdo garoto!!! Como o bacana descobrirmos nossas raízes. Parabéns pela matéria , estarei sempre de olho na sua página para saber coisas novas. Espero que meu sonho de conhecer a ilha possa se realizar

      • Priscila Roque e Rafael Boro em

        Olá, Dulcelena
        Que delícia! Obrigada pelo seu carinho e companhia na leitura :)
        Com certeza você vai realizar este sonho! Você vai se emocionar com a Madeira!
        Um grande beijo e seja sempre bem-vinda!

    3. PAULA ZANDONADE em

      Olá Priscila!!!!

      Excelente matéria, me deu mais vontade ainda de ir rs…
      Vou para Portugal na segunda quinzena de novembro (19NOV a 02DEC) e queria muito ir para Ilha da Madeira, mas estou um pouco receosa por causa da época, o que me diz?

      Abraços e sucesso!

      • Olá, Paula
        Tudo bem?
        Muito bom saber que você gostou da matéria e teve vontade de conhecer a Madeira.

        O clima da ilha é bem diferente do que temos em Portugal Continental. Não faz tanto frio, exepto nas montanhas mais altas, e as temperaturas médias históricas de novembro são de 21°C máx e 15°C min. O movimento é menor do que no verão, então as passagens e as hospedagens podem ter preços interessantes.

        Um grande abraço!

    4. Oi Priscila, uma pergunta em especial pra você.
      Como disse em uma outra pergunta recém enviada a vocês, os pais da minha mãe nasceram na Ilha da Madeira, como sua mãe, pelo que entendi, e eu já algum tempo, até devido a busca de documentação para a dupla cidadania, fui atrás de documentos e através da Internet mesmo consegui achar os nascimentos dos meus avós ai na Ilha, e como pretendo ir este ano de 2019 visitar Madeira, fiquei pensando se estando ai não conseguiria descobrir mais detalhes sobre meus antepassados, por exemplo, quando eles partiram dai rumo ao Brasil, em qual navio, quem mais veio com eles. Você também teve esta curiosidade, chegou a fazer alguma pesquisa por ai neste sentido, sabe me dizer se eles possuem este tipo de registro? No Brasil eles possuem, mas é quase impossível de se achar alguém, por é tudo foto de livros, não há como fazer uma pesquisa a não ser se você tem muito tempo disponível e paciência. :-(
      Muito Obrigado

      • Olá, Maurício
        Tudo bem?
        Acabei de responder a sua outra pergunta, sem ter lido esta. Peço desculpas. :)
        Olha, eu tive alguma sorte nessa etapa da documentação, pois a minha mãe ainda tem o bilhete do navio e algumas memórias, histórias contadas. Mas essa etapa de documentação e dos detalhes da imigração exige mesmo paciência e dedicação para procurar. Não sei da condição dos seus avós, mas os meus e a minha mãe eram muito simples – assim como muitos portugueses que foram para o Brasil na década de 1950. Naturalmente, esses documentos, feitos a mão, nem sempre são precisos. Podem trazer datas e nomes incorretos – o que acaba por tornar a pesquisa mais difícil.
        O que você pode encontrar por aqui são as certidões – que você já as encontrou. A partir delas, você pode visitar a cidade ou aldeia em que nasceram os seus avós e, na câmara municipal, na junta de freguesia ou na igreja matriz, perguntar algo sobre a sua família – caso tenham ficado irmãos deles por aqui e que hoje podem ter primos seus, por exemplo.
        Em São Paulo, o Museu da Imigração faz um trabalho muito bom sobre o assunto. É uma boa fonte de pesquisa. Eu também já encontrei diversos documentos da minha família neste site: https://www.familysearch.org/
        Um grande abraço e uma excelente viagem!

    Deixe um comentário