Se há algo que não falta em todos os roteiros à Ilha de São Jorge é dar uma passada na Fajã dos Vimes para provar este curioso café dos Açores – o Café Nunes. Portanto, um café com sabor diferente de tudo o que você já experimentou.

Você sabia que o arquipélago dos Açores é a única região em que se produz café na Europa?

Hoje vou contar a experiência que tivemos com o café da Ilha de São Jorge produzido pela família Nunes.

Um ambiente absolutamente rural, com vista para a imensidão do Oceano Atlântico, que é um dos únicos lugares dos Açores (se não o único) em que se pode sentar para experimentar o café junto da família que o produz com tanto carinho.

Onde comer na Ilha de São Jorge – Açores

Café dos Açores: o curioso sabor do café da Ilha de São Jorge

Café da Fajã dos Vimes, na Ilha de São Jorge, Açores
Café dos Açores: detalhe da plantação de café da Fajã dos Vimes, no Café Nunes, na Ilha de São Jorge

Como chegar a Fajã dos Vimes, na Ilha de São Jorge

Para chegar ao Café Nunes, na Fajã dos Vimes, é bastante simples.

As vias estão bem asfaltadas e sinalizadas desde a estrada principal da Ilha de São Jorge.

Estrada para a Fajã dos Vimes
Detalhe da descida para a Fajã dos Vimes com boa estrada, na Ilha de São Jorge – Açores

Entretanto, há dois pontos para ter atenção:

O primeiro deles é uma bifurcação no início da descida. Há uma placa indicando a Fajã dos Vimes para a esquerda, mas ela é muito pequena.

Placa para a Fajã dos Vimes
A placa neste ponto da bifurcação é bem pequena. Tenha atenção e siga pela esquerda

Depois, já bem pertinho da chegada a aldeia, você verá um painel de azulejos, como aqueles de boas-vindas. Ele fica ao lado de uma estrada de terra a direita.

Não é ali que você deve descer.

Essa indicação leva muita gente ao erro.

Você deve continuar sempre em frente e encontrará a Fajã dos Vimes.

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Café Nunes: um café dos Açores genuíno e curioso

Assim que você chegar a Fajã dos Vimes, vai logo encontrar o Café Nunes – tão famoso em São Jorge – com uma boa área de estacionamento ao lado.

Nas duas vezes em que fomos até lá o tempo estava firme e uma luz suave do sol também nos acompanhou.

Assim que chegamos ao espaço, fomos recebidos com alegria por um filhotinho de cachorro. O mascote do Café Nunes estava com apenas 3 meses (outubro/ 2019), mas já parecia conhecer aquele terreno como ninguém.

Café Nunes na Fajã dos Vimes Ilha de São Jorge
Rafa e eu em frente ao Café Nunes – o Café da Fajã – com o anfitrião canino

E então veio a Dina Nunes, filha do Sr. Manuel Nunes – o proprietário, com enorme sorriso, para nos atender ao balcão.

Animada, ela nos contou que, naquele dia, parte da família estava terminando de fazer as malas para tirar alguns dias de férias no Porto – uma cidade que ainda não havia conhecido.

Entretanto, no café há sempre alguém. Desta vez, quem ficaria por lá para atender aos clientes era seu primo.

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Cafe Nunes São Jorge
Experimentando o café da Fajã dos Vimes, no Café Nunes – São Jorge

História da família do Café Nunes – São Jorge

Dina também nos contou a história de sua família e da chegada das primeiras plantas de café em São Jorge, no século XIX.

Provavelmente são provenientes do Brasil e essas plantas encontraram na Ilha de São Jorge terreno e clima favoráveis para se desenvolver.

A Fajã dos Vimes não é o único local em que há cafeeiros na Ilha de São Jorge, mas é dos mais antigos ainda em produção nos Açores e com um sabor bastante particular.

Há, sim, algumas pessoas que têm plantas de café em casa por quase todas as ilhas dos Açores, mas a maioria usa exclusivamente para consumo próprio, pouquíssimo para produção comercial.

No terreno na família Nunes há cerca de 600 plantas do café.

Até a década de 1990, eles utilizavam o café como um mimo para os clientes do ateliê que fica nos fundos da casa deles.

Algumas das mulheres desta família tecem tapetes e colchas em enormes teares há mais de um século. Quando recebiam visitas, serviam o café.

Porém, a quantidade de café produzido era superior ao consumido. Assim, tiveram a ideia de abrir uma pequena lanchonete a frente da casa, chamada de Café Nunes/ Café da Fajã, em 1995.

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Sentar-se para tomar “o” café da Fajã

Já tem alguns anos que a família Nunes conseguiu adquirir uma máquina profissional para que pudessem servir exclusivamente o café expresso da Fajã, que custa 1€ a xícara.

O sabor desse café de São Jorge é realmente muito particular.

É um café forte e arrisco dizer que até levemente salgado. Totalmente diferente do que eu e o Rafa estamos habituados a tomar por todo o país.

Para acompanhar o café, não resistimos e pedimos um doce de cada tipo dos que estavam disponíveis na vitrine para provar rs.

Queijada de café, bolo de café, espécie (doce típico da Ilha de São Jorge com especiarias) e queijada de inhame (o inhame também é muito consumido na ilha).

Cafe Nunes São Jorge
Doces portugueses do Café Nunes: espécie e queijadas de café e de inhame

Todos aprovados. :)

Aproveitamos a visita para conhecer também o ateliê e parte da plantação do Café Nunes.

Foi o primo da Dina que nos levou e nos explicou, de forma muito carinhosa, como é a rotina de toda a família por ali.

No ateliê, a mãe e a tia de Dina, Alzira e Carminda, permanecem com as tradições da família produzindo no tear diversos tipos de peças para vender.

Tivemos a oportunidade de ver ali exposta uma relíquia dos Nunes: uma colcha histórica com 150 anos ainda em perfeito estado de conservação.

Café Nunes, Fajã dos Vimes, Ilha de São Jorge
Esta colcha tem 150 anos e foi feita no tear da família Nunes, na Fajã dos Vimes, Ilha de São Jorge – Açores

Com tamanho carinho, criatividade e empenho daquela família, levamos alguns mimos para Lisboa: um saquinho com 50g do grão do café da Fajã dos Vimes para fazer em casa (custa 10€ – o valor é alto, pois a produção é realmente muito pequena e artesanal. São pouco mais de 100kg por ano), um tapete para a cozinha e um sabonete de café.

Esta é uma experiência genuína e deliciosa que não pode faltar no seu roteiro a Ilha de São Jorge, nos Açores. :)

Viaje a Portugal com tudo organizado

Sou jornalista especializada em cultura e tenho 42 anos. Lisboa é o meu lugar no mundo. Os meus pais são portugueses imigrados no Brasil. Depois de fazer o caminho inverso deles, me tornado também imigrante, assumi como missão do Cultuga diminuir a distância que separa o Brasil de Portugal.

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